
Nome: Antonieta
Data de Falecimento: 07/05/1986
Pequena Carta para Minha Mãe (Erasmo Ruiz)
Querida Mamãe Antonieta
O dia 7 de maio de 1986 ficará marcado paras sempre na lembrança. Neste dia você partiu desse mundo, bem próximo ao dia das mães.
Talvez pela sua ausência e pela data, o dia das mães é momento de recolhimento e melancolia. Perda de mãe é algo que nunca nos recuperamos totalmente, uma espécie de “amputação” afetiva.
Em parte a gente retornou ao que é apelidado de “normalidade” porque sabia que você desejava isso como presente e que ficaria intensamente triste se eu sofresse indefinidamente.
Lembra? Eu sempre acordava muito cedo por uma espécie de “despertador” olfativo. Quando você fazia o café, sempre forte e encorpado, o aroma percorria a casa inteira e me encontrava para suavemente dizer que o dia já tinha começado e que toda a rotina enfadonha poderia ser amenizada com aquela voz amável e o afago que só as mães sabem dar.
Todos os dias me vem um torvelinho de lembranças que agora já não me machucam mais e deixam aquilo que os poetas do seculo XIX chamavam de “doce melancolia”, uma tristeza encantadora que a saudade traz com o mel das boas memórias.
Na época de sua morte fiquei de mal com Deus. Achei que Ele não tinha ouvido minhas orações pelo restabelecimento da sua saúde ou que pelo menos você tivesse uma morte tranquila. O tempo passou e reatei com Ele. Sei hoje que existem coisas que não valem a pena ser questionadas e acalento a certeza de que você agora desfruta da paz e tranquilidade que pouco teve na vida.
Minha mãe. Te mando um beijo e um abraço, um pouco triste mas também um pouco feliz porque sei que algum dia vamos nos encontrar para que talvez você me dê um puxão orelhas pelas besteiras que fiz na vida mas também com aquele ar orgulhoso de mãe coruja pelo que fiz de bom.
Até breve minha mãe!
Compartilhar